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2011 » 14 OUTUBRO / NO DIOGO - BARCELOS / 23h00
Do concerto de lançamento do disco, podemos dizer que tem lugar num local que é espaço de romaria noctívaga barcelense. Não há que enganar... e convidado a reflectir sobre o que se anda a passar com este quarteto e o seu EP de estreia, o Ricardino (BiarooZ) diz da sua justiça na sua "crónica":
"Os Johnny Sem Dente & os Jatfodo são quatro músicos com um "ar muito sério mas descomplexado". Daqueles que já ultrapassaram o ponto em que muitos decidiram parar de tocar e dedicar-se exclusivamente a um trabalho normal e pronto. Foi lindo e ponto final. Diria, com certeza, que atingiram aquele ponto em que, façam o que fizerem, a música não os largará e não há nada a fazer. Sendo assim, e como o mal está feito, estão dispostos a continuar a aparecer nos locais mais imprevistos para nos brindarem as orelhas com riffs de guitarra ébrios, ácidos, alucinados mas perfeitamente dançáveis, aos quais ainda se juntam umas poderosas linhas de baixo e uma bateria que nos colam só um bocadinho à Terra. Foi assim que começou, assim tem sido e de certeza que assim continuará.
Surpreendentemente, brindaram-nos na primeira aparição ao vivo com um rock poderoso de uma execução exímia, vibrante e apaixonada. A experiência em palco dos elementos mostra que sabem perfeitamente com que linhas se cose uma boa música rock de guitarras distorcidas e vertiginosas dispostas a controlar uma frente de batalha. Relembro desta primeira aparição em público, a apresentação ao Mundo da Sofia Sarmento que emprestou à banda uma presença e voz em palco que encosta para canto qualquer vocalista pouco modesto ou um pouco mais pretensioso.
Nos concertos seguintes brindaram-nos com colaborações muito especiais, que transportam agora para o álbum de estreia. O Miguel Ferreira emprestou a voz tortuosa e afiada dos Lip Poppers para cantar um rock carnal que chama nomes a uma Pátria ácida e rasca, e também a uma Fátima pútrida e fraca, ou vice-versa. Juntam-se a esta ácida Música/Festa os synths do João Coutada que lhe põe na ponta da língua o papelinho LSD que lhe permite voar um pouco mais além do que marca o altímetro. Putrida Pátria (Ácida Fátima) é na verdade uma boa trip.
No tema "Toscana Resonare", a voz do Filipe Miranda junta-lhe um cheirinho vibrante do rock dos Kafka e Interm.Ission a lembrar, na cadência da música, uns saudosos Jane's Addiction com o maravilhoso "Nothing's Shocking".
Sobra, neste disco de estreia, espaço para três instrumentais com um registo rock quase sinfónico e onde todos os elementos manuseiam os seus “lead instrument” ao ponto em que se diluem e dão lugar a temas tensos, crús e harmonicamente bem conseguidos. Temas que se ouvem como uma espécie de festa nocturna que nos sabe maravilhosamente, mas sabemos que está a provocar um ácido estomacal que nos provocará uma enorme ressaca no dia seguinte. Mesmo isto, não nos impede de voltar a ouvir à noite e fazer disto um ciclo vicioso e prazeroso. A acrescentar à festa, o grupo conseguiu neste disco a proeza de criar uma música, de nome (in)decoroso, que se aconselha a todos os menores de dezoito anos. Deveria ser mesmo obrigatória nas escolas de pretensiosos e jovens roqueiros.
De tudo isto e se olharmos para o disco com ar sério, pode-se dizer que o único handycap dos "Johnny" é mesmo a falta do dente. De resto, não lhes falta garra e músculo para nos fazerem tremer as carnes. Devemos olhá-los como uma espécie de tigre fofinho de uma animação manga, estilo pokemon, que nos dirige um olhar meigo e diz: - anda cá que "jatfodo".
É um prazer ouvir o disco de estreia dos Johnny Sem Dente & os Jatfodo. Fica é a sensação que merecemos mais duas mãos cheias de grandes temas. Esperemos até que assim seja." - Ricardino Lomba
www.myspace.com/johnnysemdenteeosjatfodo
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